sábado, 26 de fevereiro de 2011

O POBRE ROMEU

Rosas na janela
Colhidas nos jardins.
Para minha dama, amada e bela.
Bela adormecida, em lençóis de cetim.

Nos sonhos que a envolve,
Anseio penetrar.
Tocar-lhe a alma,
E tornarmos um só.

Na calada da noite,
Espreitado à sombra da lua,
Transpondo muros da autoridade,
A alcançar o balcão, da minha doce amada.

Queria gritar:
- É o seu Romeu.
- É o seu Romeu.
Mas quem sou eu?
Um rapaz que só sabe amar.

Amo na dor da ausência,
Amo no amar de alguém.
Queria ter você,
Mas não tenho um vintém.

O que seria de mim,
Sem você por perto
A me envolver?
Envolvo-me então, no meu sofrer.


Um sentimento que dói,
Mas bom, para fazer-me ver,
Ainda mais, o quão especial,
Tu és.

Uma pérola, jóia rara,
Aprisionada na concha
Mas segura,
Dos turbilhões da vida.

Não tinha como disputar,
Na época, nada tinha a lhe dar.
A não ser rosas, colhidas,
Furtadas das casas, nas madrugadas sem fim.

Queria desposar-te.
Mas como?
Casei-me com a dor da minha dor.
Mas hoje volto... Volto a viver.
Falando de um tempo,
Perdido no tempo.

E hoje aqui estou a falar-te,
Do meu amor que não acaba.
E só aumenta no passar da vida,
Amor que não cala,
Amor que não para.

Amar é assim,
Sair de cena, para o amar do outro.
Valeu a pena?
Creio que sim.

Amar sem condições,
Amor ingênuo... Puro.
Vim dar-lhe novamente o meu amor.
Hoje, em palavras, noutras janelas.

O amor é o mesmo.
A saudade, matei.
Matei a falar, da bela Julieta,
Que jamais desposei.

Para Criseide de Lello Jordão.



Marcelo Miura

Araraquara – 26 de novembro de 2010 – 11h:50


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